O «brexit» Angolano a Portugal?Ontem, dia 26 de Setembro, tomou
posse o novo Presidente de Angola. Diz a imprensa, que no seu discurso de posse,
o novo Presidente excluiu Portugal da lista de principais parceiros. Indo ao
pormenor, verifica-se que o Chefe de Estado Angolano, sublinhou: "Angola dará primazia a importantes
parceiros, tais como os EUA, República Popular da China, a Federação Russa, a
República Federativa do Brasil, a índia, o Japão, a Alemanha, a Espanha, a
Franca, a Itália, o Reino Unido, a Coreia do Sul e outros parceiros não menos
importantes, desde que respeitem a nossa soberania".
Há quem entenda neste discurso,
um recado a Portugal. Será?
Encontram-se em Angola cerca de
150.000 portugueses, nas mais diversas situações. Por outro lado, mais de 5.500
empresas portuguesas exportam para Angola e mais de metade delas tem aquele
mercado africano como destino exclusivo das suas exportações.
A crise angolana, que começa em
2014, com a queda a pique dos preços do petróleo, que responde por cerca de 40%
do PIB angolano, deixou os bancos do país sem divisas para dar aos clientes e
as empresas foram deixando de ter como pagar a trabalhadores e fornecedores.
É neste cenário que as empresas
portuguesas começam a suspender o investimento no país (pelo menos para já) e a
virar-se para novos mercados. Depois da crise, a Europa volta a ser opção para
os empresários, mas é na América e no Médio Oriente que estão as próximas
oportunidades, acreditam os empresários.
Se Portugal investe cada vez
menos em Angola, os angolanos reforçam o poder por cá. Da banca às telecomunicações,
o capital angolano assume posições de relevo nalgumas das maiores empresas
portuguesas.
As estatísticas oficiais de 2016
mostram que havia pouco mais de 20.000 residentes angolanos a viver legalmente
em Portugal. No entanto, este número é provavelmente uma subestimação do
verdadeiro tamanho da comunidade, já que não conta os imigrantes ilegais e as
pessoas de origem angolana que possuem a cidadania portuguesa.
Feita esta resenha, e acautelados
que estejam os interesses dos portugueses residentes em Angola, que se sabe
estarem a viver um período difícil por escassez de dinheiro que inevitavelmente
gere insegurança e prevenidos que parecem estar os empresários portugueses que
já desviaram os seus investimentos para territórios mais estáveis, apenas (?)
aguardando o pagamento dos seus créditos, que há muito se encontram vencidos e
não pagos, resta reposicionarmo-nos relativamente a Angola, colocando este país
em paridade com os países da CPLP, onde os interesses de Portugal devem ser
desenvolvidos e aumentados.
Por outro lado, Portugal tem de
deixar de ser a “lavandaria” para as
figuras da elite de Angola que nos últimos dez anos canalizarem as fortunas que
foram acumulando durante o regime do presidente José Eduardo dos Santos.
Aliás a “permissividade”
portuguesa, foi objeto de um extenso artigo do “The New York Times”, onde
aquele jornal refere: “Angola é
frequentemente referenciada como uma das nações mais corruptas do mundo”. “E
Portugal foi destacado pela sua permissividade no combate ao branqueamento de
capitais e à corrupção, particularmente em relação aos angolanos, de acordo com
a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).”
Serve de exemplo para este jornal
o caso de Isabel dos Santos, a filha mais velha de José Eduardo dos Santos “que se tornou uma das figuras mais poderosas
de Portugal, ao comprar posições importantes na banca, nos media e no sector da
energia”.
Tanta permissividade dos
Portugueses no combate ao branqueamento de capitais e à corrupção,
particularmente em relação aos angolanos, teve como consequência óbvia haver um
número significativo de personalidades angolanas que estão a contas com a
justiça portuguesa, alguns delas indiciados por corrupção ativa no nosso país (corrupção
de um procurador da República, por exemplo).
É esta soberania que Portugal faz
vencer no concerto das nações e que Angola não pretende aceitar. Para Angola,
indiciar ou acusar personalidades angolanas por atividades criminosas ativas em
Portugal é sinónimo de violação da soberania angolana.
Curioso é que nos Estados Unidos
da América (Washington - julho de 2017), acaba
de ser revelada a existência de uma rede de tráfico de influências e corrupção
envolvendo reuniões em Angola e Portugal com influentes personalidades
angolanas e de uma companhia americana.
Porém, o novo presidente de
Angola, dá “primazia a importantes
parceiros, tais como os EUA, ….”
Dá para perceber?
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