sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

A Soberba

Certo dia a Soberba foi participar numa competição desportiva a eliminar, lá para os lados da Península Árabe, no Médio Oriente. Qual pavoa, a Soberba pavoneou-se abrindo as suas penas atrativas, ainda que pelo caminho tenha deixado cair uma delas. Nada que preocupasse a Soberba. Afinal a sua ostensiva arrogância e pretensa superioridade pelos demais competidores, cegaram-na ao ponto de esquecer aquele provérbio que diz que “a Soberba precede a ruína”. E foi o que aconteceu. Levantou-se, ainda em passo de samba, da ressaca da jornada anterior, e partiu para o estádio, em cortejo engalanado e altivo pronta para mais uma manifestação de arrogância e superioridade sem limites. Outro competidor a esperava, não tão arrogante, mas tenaz como os seus antepassados. Foi cruel. A Soberba diante de um competidor tão audaz e destemido foi cedendo e coberta de vergonha acabou humilhada. Foi o desespero total. Toda a nação se sentiu traída pela Soberba acreditando que isso era coisa do Diabo que de novo o povo quis castigar. A Soberba, descorçoada, sumiu-se.

Diz a lenda que a Soberba volta forte e destemida daqui a quatro anos. Até lá, resta o silêncio reconfortante!  

domingo, 13 de novembro de 2022

A SUCESSÃO NO PCP

 A substituição do Secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP), assenta na ‘hereditariedade específica’, isto é, na transmissão dos agentes genéticos conservadores do partido que determinam a herança de características comuns àquela força política. É uma ‘eleição’, tipo monarquia constitucional, sem parentesco, ou tipo monarquia eletiva, onde o governante é periodicamente selecionado por um pequeno colégio eleitoral. Parece que foi o que se passou, na presente substituição de Jerónimo de Sousa, à frente do PCP. Não há uma Assembleia eletiva, com candidatos a concorrerem ao cargo. Há um pequeno núcleo de eleitos do Secretário-geral que, numa ‘sala escura’, escolhem o sucessor, que é presente ao Comité Central dos comunistas que aí ratificam a escolha (por unanimidade), “sem tugir nem mugir”.

Processo ‘pacífico’, longe daquela ‘luta de galos’ que os restantes partidos da democracia, ciclicamente, nos brindam, não só em Portugal, claro.

É, evidentemente, um processo de democraticidade duvidosa e longe dos padrões ocidentais. Em abstrato, não há oposição à escolha do líder e os putativos candidatos da comunicação social (eles próprios se autopromovendo), vêm adiada a subida ao ‘púlpito’, aparentemente, com ‘bons olhos’. João Oliveira, João Ferreira ou Bernardino Soares, não mereceram a escolha de Jerónimo de Sousa, certamente, por imaturidade política e pela fraca consistência programática, na defesa da ortodoxia comunista. O novo Secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, é um ilustre desconhecido, da democracia portuguesa. É um comunista de Abril de 1974, entrou para o partido comunista português em 1994, pertenceu à comissão política de Carlos Carvalhas e é descrito como um “homem afável” com “muita capacidade de diálogo”. Segundo o mesmo Carlos Carvalhas, a escolha de Álvaro Cunhal, em 1992, “O futuro o dirá, mas esta é a decisão coletiva e eu creio que não é só um líder que pode projetar o partido, somos todos nós, somos todos os comunistas, todos aqueles que entendem que da projeção deste secretário-geral quem lucra não é o secretário-geral, nem é o partido, é o povo português, são os trabalhadores, são os pequenos e médios empresários”. (sublinhado nosso).

É evidente que esta “decisão coletiva” é um eufemismo, de Carlos Carvalhas, que pretende significar um amplo debate em torna da escolha do Secretário-geral do PCP. Sabemos que não foi assim. Tudo se resumiu a uma semana de designação do sucessor e um Comité Central amorfo e totalitariamente “ámen”.

Nada de novo. Os tempos de João Amaral e outros, há muito que se findaram. A nova geração de comunistas, incluindo, Paul Raimundo, não tem estofo ideológico e apenas serve ao combate politico interno. Numa fase em que o centrão deu de si, os comunistas portugueses foram chamados com êxito à participação na governação, mas rapidamente cederam aos caprichos ortodoxos da “brigada do reumático” do partido. Claro que foram penalizados nas eleições, mas este é o mal menor, pois onde existir um comunista, a esperança nunca desvanece.

Este é o problema das tradições. Por mais desajustadas e antiquadas que estejam, há sempre quem as queira manter vivas.

Há duzentos anos a abolição das touradas já era motivo de debate parlamentar em Portugal. Hoje, ainda se mantém. O comunismo de Marx e Lenin, do qual resultou a falência do modelo socioeconómico e político comunista, deixou desamparados os seus militantes e ativistas políticos que deambulam por todo o mundo numa catarse sem precedentes, alheios à realidade que os rodeia. Os “operários” das startups fogem aos dogmas de classe e inscrevem uma nova classe - “empreendedores” – ao catálogo das profissões. Paulo Raimundo, na esteira de Jerónimo de Sousa, poderão estar tentados à mudança. Mas mudar, mesmo, ‘tá quieto ó mau”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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sábado, 12 de novembro de 2022

O BULLYING E OUTROS ANGLICISMOS, DOS JORNALISTAS DO ACESSÓRIO

Com injustiça ou não, creio que a humorista Joana Marques, tem sido acusada frequentemente de comportamentos ‘bullies’ entre colegas de profissão, jornalistas do acessório e outros. Joana Marques é uma humorista, guionista, apresentadora de televisão e locutora de rádio portuguesa, cargos que acumula com distinção o que lhe tem criado uma inveja quase delinquente. A prova de que assim é está nas reações dos/das visados/as que a coberto do anglicismo (bullying), proferem afirmações disparatadas ou despropositadas, em sua ‘defesa’, como tivessem sido vítimas de intimidação sistemática ou vexatória, não se dando conta, que o exercício da liberdade de expressão, não está condicionado ao agrado ou desagrado de alguns. É, em si mesmo, um direito fundamental.

É certo que há as chamadas ‘piadas de mau gosto’ que alguns de pensamento mais conservador e pouco pluralista, tendem a considerar uma espécie de ‘bullying’. Por exemplo, dizer que o Stevie Wonder não podia ver à sua frente o Ray Charles é, obviamente, uma ‘piada de mau gosto’ ou dizer que quando a Joana Amaral Dias diz que “…usa o corpo como arma política”, está a fazer ‘bullying’ sobre a Joana Marques é um evidente exagero e também de mau gosto ou pior ainda, dizer aos homens-bomba que o seu sacrifício será recompensado com 72 virgens no paraíso é, estupidamente, de mau gosto. Mas não vai para além disto. Mau gosto (para alguns, claro!). A Joana Marques, que me tenha apercebido, não vai tão longe. Fui repescar algumas pérolas e deu isto: - «Ela apanhou um texto de um comentário que eu tive aqui e disse que a minha mãe andava a fugir à polícia por tráfico de droga. Isso é gravíssimo! A minha mãe faleceu, não lhe admito a ela nem a ninguém (…) e quando ela diz que eu bebo chás marados, eu não bebo chá até porque não gosto, como vê tenho um corpo Danone, graças a Deus, coisa que a senhora não tem”, prosseguiu, para logo a seguir terminar: “A Joana devia beber chá de cavalinha, sabe porquê? Está muito inchada, emagrece e desincha da língua também, fica aqui a resposta (…). Acho que esta senhora é muito infeliz e alguém tem de pôr um limite (…) ela é uma indecente”» (Filipa Castro?)

Gente grande de verdade, sabe que é pequena e por isso quer crescer, quer evoluir. Já gente pequena acha que sabe tudo e daí maltratam e humilham os outros. Não vamos hostilizar ninguém nem fazer comédia gratuita a hostilizar, a menosprezar e diminuir os nosso colegas." (Luciana Abreu)

«Se eu estivesse a poucas horas de me tornar cunhada do Bruno de Carvalho, ficava muito pensativa". "Este casamento estava tão escasso ao nível de celebridades, que uma das mais famosas era a Inês Simões"» (Joana Marques)

"Reforcei o meu seguro quando descobri que a Judite Sousa não tinha gostado nada do ‘'Extremamente Desagradável” (Joana Marques)

Claro que resumi o alegado ‘bullying’ a duas ou três situações, pois que se relatasse mais isto ficaria parecido com o “Extremamente Desagradável”, o que é plágio, ainda por cima de “mau gosto”!

 

P.S.: Aquela do “corpo Danone”, é soberbo …

 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

“Tv MARCELO”

O presidente populista, Marcelo Rebelo de Sousa, sempre dispôs de uma caixa de ressonância que bem podemos de apelidar de “Tv Marcelo”. Na verdade, embora em Portugal existam múltiplas estações de televisão, todas, sem exceção, têm um canal da “Tv Marcelo”, que passa diariamente e a toda a hora a programação do presidente populista. Não é uma programação programada, pois o presidente populista é mais de improvisos e diretos. É nesta incontinência comunicacional que os portugueses, vieram a tomar conhecimento, pelo próprio, de algumas lacunas graves do seu pensamento cristão e democrático, como seja a desvalorização da pedofilia (não quantitativa) no seio da igreja católica; A grave indiscrição do PR, ao desvendar a data da ida do PM a Kiev; a desconsideração do presidente brasileiro ao presidente português e a leveza com que Marcelo tratou o tema; a advertência pública, totalmente despropositada e desrespeitosa, que fez à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, dizendo que está atento e não perdoará uma má execução do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência); o seu ultimo espetáculo na Web Summit, em total descontrolo emocional, são tudo sinais de que o presidente Marcelo, ensaia terminar o mandato em espiral negativa.

E se a maior parte das infelicidades do presidente na ‘Tv Marcelo’ estão a fazer mossa, e o presidente já se deu conta disso, a desvalorização da pedofilia no seio da igreja católica abriu uma ferida difícil de sarar.

Nem anunciando Passo Coelho, evitou o rombo. Daí que, como bom populista que é, lançou-se para as catedrais de consumo, lojas de rua, feiras e mercados, na esperança de que o rebanho se concilie com esta ‘ovelha tresmalhada’.

Os seus mais acérrimos seguidores, pedem uma pausa, e a hierarquia da igreja, “nem tuge nem muge”.

Marcelo sabe, que “mais vale cair em graça do que ser engraçado”. Durante muito tempo, Marcelo ‘caiu em graça’ na generalidade dos portugueses. Porém, ultimamente, teima em ‘ser engraçado’, e não está a resultar.

Não haverá ninguém, para além de António Costa, e os seus ministros devidamente industriados para serem compreensivos com Marcelo, como já se viu, que o convença a arrepiar caminho? É que se não, vai ser uma estopada até ao fim…!

 

sábado, 29 de outubro de 2022

A FUTILIDADE NA POLÍTICA PORTUGUESA

Dá pelo nome de IL (“Iniciativa Liberal”). Porém, podia muito bem ser de “Idiotas Letrados” ou mais apropriadamente de “Inexistência liberal” (InL). A (InL), é um ajuntamento de pessoas, que, durante anos e anos, formaram os “independentes” ou deambularam por outros partidos da democracia, até ganhar a própria autonomia não por mérito próprio, naturalmente, mas por colapso desses partidos. A (InL) deve a sua existência, exatamente por não ser necessário fazer prova do liberalismo. Aquele ajuntamento, formado por quadros de empresas privadas, quase sempre de intervenção pública, ex-funcionários públicos e/ou de empresas e/ou de institutos públicas, startups, agrupados na (InL), são a expressão acabada da mediocridade diletante que durante anos a fio se pavoneou na antecâmara dos partidos, sempre em lugar recatado, para que a sua sobrevivência não fosse posta em causa. São gente sem ideias nem projeto. Muito baseados no “eu-eu-eu”, a (InL) é vista como um grupo preguiçoso, narcisista e mimado.

A (InL), é um grupo (partido) vazio de ideias. A dinâmica sociopolítica e económica e a efemeridade dos elementos sociais em geral produziram um solo ideológico instável e flexível, na (InL), de forma que o partidarismo, acompanhado pelo estímulo do liberalismo ao consumo, tornaram-se pouco nítidos neste grupo. Acostumados a conseguirem o que querem sem esforço ou em prazos consideráveis, os membros da (InL), não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e desejam salários ambiciosos, em geral com a suposição de que conhecimento e currículo técnico tornam desnecessários outros atributos profissionais. A discrepância na perceção do significado sobre o trabalho e carreira é evidente o que torna a (InL) um grupo "sem interesse".

Baseados numa conceção tradicionalista do liberalismo, assente no individuo como o centro de tudo, a (InL), não tem pátria nem país. As suas ideias, assentam num programa de marketing, Liberdade Individual – que todo o individuo — cada um de nós! — tem direitos fundamentais a dirigir a sua própria vida, o que fazer com o que é seu, a escolher como viver em comunidade. Em nenhuma parte do seu manifesto político existe uma conexão com a pátria portuguesa ou um “fumus”, sequer, de solidariedade política e/ou social. Por isso, as políticas sociais não existem e muito menos essa preocupação pelos mais desfavorecidos.

O Portugal mais justo e igual, não faz parte do dicionário político da (InL). O liberalismo para este grupo é uma abstração e assim deve continuar a ser. Lê-se, no seu manifesto: “Acreditamos no Liberalismo – nas ideias políticas que defendem pessoas livres, sociedades livres, mercados livres, cidadãos livres – porque a Liberdade é o maior motor de geração de desenvolvimento humano, de harmonia social, e de prosperidade económica.”

A contradição, contudo, é patente para este “liberalismo” acéfalo e abstrato da (InL), uma vez que é sustentado nos apoios e subsídios estatais, e é através do Estado que pretensamente pretendem implementar os ditos “mercados livres”, sob o slogan “privatização da riqueza e socialização de prejuízos”.

Em outros tempos, de credulidade na suposta capacidade de autorregulação dos mercados, em que a (InL) se acantonava na democracia cristã ou na social-democracia, estranhar-se-ia a desconfiança na orquestração pelos preços, a suspeita quanto às expectativas racionais dos agentes, ou a interferência na premissa de garante da ordem liberal, que reduz o Estado a disciplinado observador. Estranhar-se-ia a dúvida sobre a (teoria da) teia de aranha, tradutora do equilíbrio tendencial, do bom funcionamento da economia em mercado livre e, por sua extensão, da ausência de crises sistémicas.

Liz Truss é o último exemplo vivo do falhanço total do neoliberalismo da (InL).

Hoje, não se garantindo equidade no esforço que as sociedades devem fazer, é de temer que não sobrevivam os que já passam fome, os que já não têm medicamentos (vão faltar? não para todos!), os que não terão os tratamentos, os que não terão eletricidade em casa, os que não terão casa.

Esta é a resposta ausente da (InL). Por todas estas razões, a democracia portuguesa, pouco beneficiará deste grupo para a sua consolidação e crescimento. Os contributos ideológicos são de uma pobreza extrema. Aliás, este é terreno minado, para este grupo.

Agora que a (InL) se prepara para substituir a sua liderança, melhor faria reunir em congresso e decretar a sua extinção.  

É simplesmente desolador, o contributo nulo deste grupo para a democracia portuguesa, com custos apreciáveis para o erário público.

Esta é uma das fraquezas dos regimes democráticos. Conseguem suportar no seu seio quem a eles se opõem ou gerar “nado morto”, com alguma facilidade.

 

domingo, 23 de outubro de 2022

‘DIÁLOGO APÓCRIFO’

 Ano de XXI – Lugar de Belém

Tema: Abuso sexual de menores na igreja católica de Portugal

 - O Bispo em linha, diz a telefonista.

- Estou – disse Sua Excelência.

- Estou sim, disse o Bispo.

- Vossa Excelência Reverendíssima, recebi uma denúncia de abusos sexuais sobre uma criança, praticados (alegadamente), numa paróquia sobre a sua alçada. Antes de comunicar às entidades competentes, dou-lhe conhecimento desta denuncia, para os fins que entender por conveniente. Claro que muito me penaliza, enquanto cristão, tomar conhecimento deste tipo de situações que, embora me pareça serem inexpressivos o número de casos desta natureza, na nossa igreja, comparado com os milhares se não milhões de casos de que se tem conhecimento, por esse mundo fora, ainda assim me desgosta.

- Agradeço o seu cuidado e atenção, embora tenha opinião própria sobre o assunto, disse o Bispo. - Na verdade, sou daqueles, no seio da nossa igreja, que pensa que esses casos, se existiram, reportam-se a uma época em que esse tipo de comportamentos entre os sacerdotes e as crianças não eram reprovados visto que não tinham a censura nem a dimensão negativa que hoje se lhes atribui. Como sabe, aliás, o abuso sexual de menores não é "um crime público" e por isso não há (havia) obrigatoriedade de denúncia, como diz ‘acertadamente’ o Dom Linda. - Hoje, algumas coisas já sabemos que foram verdade. Que coisas foram essas, estão por apurar. " Mesmo assim, não podemos "julgar o passado com os critérios de hoje".

- Repare, Sua Excelência, disse o Bispo: ainda há dias uma “ovelha” do nosso rebanho, tornou público um testemunho, em que dizia ter sido abusada e violada por um padre, quando tinha apenas 13 ou 14 anos, de quem veio a ter um filho. Disse, nesse testemunho público, que pediu conselho, ao Dom Linda, contando-lhe "que, mesmo sendo menor, tinha um envolvimento com o padre Heitor”, ao que Dom Linda terá respondido, “que a culpa era dela, já que ela é que andava atrás dele".

- Ora, consultado Dom Linda, este respondeu com toda a franqueza, o seguinte: “não me consigo recordar minimamente de nada parecido com essa denúncia”.

- Vamos duvidar de Dom Linda?

- Poderá Vossa Excelência, como eminente jurista que é, interrogar-se: então se a criatura tem um filho de um padre, e se esse padre, foi afastado da igreja, justamente, por esse caso, como é que Dom Linda não se lembra dele, ainda por cima, quando a vítima o diz ter procurado? É que nem todas as violações de menores na igreja perpetradas por sacerdotes geraram filhos e o crime não se deu numa grande metrópole, mas sim em Vila Real, como é possível esta falta de lembrança?

- Porventura, terá razão Vossa Excelência para essa interrogação, mas são coisas do divino, não nos compete a nós ajuizar, disse o Bispo.

- Despediram-se, como bons amigos, desejando um ao outro “a Paz do Senhor”!...

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

MARCELO CAÇA COELHO PARA ABAFAR GAFE NA PEDOFILIA NA IGREJA!

Desejoso que a maioria do povo português se esqueça do que ele disse quanto ao abuso sexual de menores na igreja católica, que na generalidade dos casos mereceu o mais vivo repúdio de todos, mesmos os mais devotos, Marcelo mandou recado a dizer que não ia ficar fechado no palácio e, como é seu timbre, imediatamente, criou um novo facto politico, lançando a boia a Passos Coelho que, como se sabe, não está no ativo, mas que Marcelo sabia do impacto que iria obter, ao dizer, a propósito de nada, que o "país deve esperar muito do contributo de Passos Coelho". Diz-se que estava a lançar a candidatura de Passos Coelho à Presidência da República. Até é possível que sim, já que Paulo Portas, semanalmente, cimenta a sua posição de candidato. Porém, na minha leitura, não foi esse o objetivo primeiro de Marcelo. O objetivo primeiro, foi criar um facto político que tivesse um impacto significativo que desviasse a atenção da generalidade das pessoas, para a desastrosa declaração de desvalorização que fez, a propósito do número de casos de abuso sexual de menores no seio da igreja católica. Sendo esta matéria de reprovação geral, já que se insere no catálogo de crimes hediondos, todas as manobras dilatórias que Marcelo faça, a sua imagem perante os portugueses, está bastante debilitada, ainda por cima, porque se inscreve numa área respeitante a valores, neste caso de menores, e de uma entidade que tem por missão o bem e de que Marcelo é um devoto confesso. Marcelo mostrou, no entanto, que para ele tudo é relativo. Até a dignidade da pessoa humana. Este, que era um campo, em que Marcelo aparecia, aparentemente, ‘impoluto’, veio a revelar uma “falsa identidade católica” muito próxima da linha mais ortodoxa da igreja católica protagonizada por Bento XVI. O Papa Francisco, bem luta contra esta podridão no seio da igreja católica, impondo estas comissões de investigação dos abusos sexuais de menores que, de outra forma, seriam ocultados e as vítimas escondidas e votadas ao silêncio e à vergonha. Aqui não há misericórdia, nem Marcelo o demonstrou. O abuso sexual de crianças é um crime gravíssimo e abominável, pelo que, qualquer hesitação seja de que tipo for na sua condenação é uma fraqueza imperdoável e verdadeiramente cúmplice.

Marcelo, revelou esta fraqueza. O povo português, não lhe perdoou.

Só que Marcelo está ferido, pela sua própria incúria, e virará “escorpião” traidor, como no passado.

A fábula do escorpião conta a história de um bicho que pede a uma rã para o passar para a outra margem do rio, e acaba por ferrá-la com o seu veneno a meio da travessia, mesmo sabendo que se vão afogar os dois, porque é simplesmente da sua natureza.

Como diz um conhecido seu (ferrado por ele): numa coisa ele "é mestre: a criação de factos políticos que alimentassem os media e a opinião pública ou que desviassem a atenção de assuntos ou decisões atrasados ou a correr mal".

É, por isso, de temer novas caçadas já que a sua “maioria” parece estar a esfumar-se e o regresso às origens parece ser o destino final.

Por tudo isto, Marcelo aprestasse a exercer o segundo mandato ao jeito de Cavaco Silva. Que se cuidem as instituições democráticas, em particular o Governo.

Porém, Marcelo continuará a reivindicar os “seus” pobrezinhos. Nisto ele acertou. Realmente, Passos Coelho, sabe como fazê-los!…