Entre outras coisas, será um espaço de crítica actual de factos (ou fatos) e acontecimentos que ocorrem e sucedem no nosso país e que potenciam o nosso crescente "direito à indignação". Será também, um espaço de opinião livre, mas responsável, sobre temas diversos. Sevla
segunda-feira, 16 de março de 2020
A propagação voluntária e criminosa do COVID-19
Jair Bolsonaro, o Presidente do Brasil, mais uma vez deu um sinal de total insanidade mental, ao autorizar e até incentivar (em, 15-03-20), uma manifestação pública de apoio a si próprio, que terá levado para as ruas centenas de pessoas, em clara violação das leis internacionais de saúde pública e das últimas recomendações da OMS, depois de a Covid-19 ter sido declarada uma emergência de saúde pública de âmbito internacional.
Na verdade, não havendo certezas sobre esta matéria, todos estão de acordo num ponto. Deve evitar-se o contacto, já que COVID-19 pode transmitir-se por: (i) gotículas respiratórias; (II) contacto direto com secreções infetadas e; (III) aerossóis em alguns procedimentos terapêuticos que os produzem (por exemplo as nebulizações).
Ora, sabendo-se que a COVID-19 pode transmitir-se de pessoa a pessoa, através das tais gotículas respiratórias – espalham-se quando a pessoa infetada tosse, espirra ou fala, podendo serem inaladas ou pousarem na boca, nariz ou olhos das pessoas que estão próximas ou por contacto das mãos com uma superfície ou objeto infetado com o SARS-CoV-2 e se em seguida existir contacto com a boca, nariz ou olhos pode provocar infeção, é óbvio que a exposição voluntaria, dispensável e até provocadora de centenas de pessoas em manifestação de apoio ao presidente do Brasil e com o seu “agrément”, conduta que deve ser tipificada como de “Crime de propagação de doença contagioso.”, em que este claramente incorreu.
Também ao nível do Direito Internacional, a sua conduta, enquanto presidente da República, constitui crime de violação do direito internacional humanitário, previsto no Estatuto do Tribunal Penal Internacional.
É lastimável, que haja um governante, que ponha em perigo a saúde e a vida dos seus concidadãos, sem que a comunidade nacional e internacional, tenham meios imediatos para por termo a esta conduta ilícita e criminosa de exposição pública de pessoas à pandemia do COVID-19
domingo, 15 de março de 2020
Ex-combatente da guerra do ultramar
Lembrei-me hoje de partilhar convosco uma experiência pessoal excecional, um pouco parecida com a que vivemos hoje, obviamente (e ainda bem), por razões diversas. Muito diversas.
Tinha eu pouco mais de 20 anos de idade, quando, como tantos outros, fui mobilizado para Moçambique, mais concretamente, para Mueda. Na altura (1969/1970) como a maioria saberá, havia três teatros de guerra ativos na chamada África Portuguesa. Angola, Moçambique e Guiné Bissau. Em Moçambique, o Norte, era o mais problemático. Mueda, por estar próximo da fronteira a norte com a Tanzânia, na altura base regular dos guerrilheiros da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), era um foco por excelência da chamada “guerra de guerrilha”. Todos temíamos estes territórios. Nada a fazer, pois não havia o direito de escolha. Íamos, para onde nos mandavam. Foi o meu caso.
Não recebemos grande (ou pequena) formação para a “guerra” e muito menos para o chamado ambiente e território de guerra. Afinal o que era isto? Quais as diferenças? Que comportamentos havíamos de seguir? Que precauções a tomar? Que cuidados a ter? Nada. Apenas foi apelado ao nosso bom senso, seguindo as indicações das chefias (??) e, é verdade, fizemos uma pequena formação de algumas horas, com o detetor de minas, os chamados detetores de metais.
Para mim, de nada serviu, fui ao ar com uma mina anticarro, isto em 1970, e como alguém me dizia, passei a viver “a benefício de inventário”! Mas afinal o que é que eu aprendi?
Aprendi que em circunstâncias excecionais, cada um de nós deve atuar com o máximo de cautela e prudência, não sendo fator de risco para si, para a família e todos os outros. Cá agora, como lá anteriormente, existe uma responsabilidade dupla. Todos somos chamados a protegermo-nos uns aos outros. Acreditem !...
sábado, 14 de março de 2020
“A ovelha ranhosa”!
Refiro-me diretamente a Ricardo Costa (irmão do primeiro-ministro) e “jornalista” do Expresso. Ricardo Costa é um PAFioso, mesmo e sobretudo, em tempos de crise. Sejam elas financeira ou de saúde pública. Vai tudo a direito.
Hoje (14-03-2020), qual Boris Johnson, divide-se entre aqueles que “decidiram fechar tudo” ou aqueles “...que preferem enfraquecer a curva”, isto é, esperar mais ou duas ou três semanas, “para se conseguir uma espécie de imunidade comunitária.”.
Isto é a “estratégia” inglesa, para quem o vírus, qual Bolsonaro ou Trump, é uma criação da China para dominar a economia global.
Numa altura em comunidade científica em todo o mundo apenas tem uma certeza e essa é a de que se deve restringir (se não mesmo abolir) a circulação de pessoas seja em espaços públicos ou privados de modo a conter a propagação do vírus, vêm estas “almas penadas”, em jornais de grande circulação, que apregoam em letras garrafais “a verdade jornalística” e depois contêm dentro deles verdadeiros agentes multiplicadores da infeção.
Por ignorância ou algo semelhante, este escriba omite, por exemplo, a contenção e o sucesso de Macau, neste particular. Certamente, este e outros exemplos que escapam a estes primatas (os mesmos que defendem, já hoje, uma opção entre aqueles que devem ou não viver), são a prova provada de que os vírus por mais agressivos e mortíferos que sejam, não têm comparação com a estupidez humana, pronta a aniquilar, se lhes forem proporcionados os meios. Destes, de facto, devemos ter medo, muito medo.
Não resisto em dizer, que sendo irmão de um Capitão de Abril, a quem muito devemos e de que a família eternamente se orgulha, que deve ser muito triste ou se preferirem, desconfortável, ter um irmão com protagonismo “balofo”, apegado às conceções mais retrógradas, em estreita união com o pensamento dos lideres políticos de maior rejeição na Europa e no mundo.
Daquilo que eu sei, os ideais de Abril eram outros!...
sábado, 29 de fevereiro de 2020
Aeroporto do Montijo - A nova coqueluche do miserabilismo opinativo português
Jornalistas, técnicos, políticos e todos os afins, elegeram o “aeroporto do Montijo” com arma de arremesso ao atual governo todos, sem exceção, como se fossem detentores da verdade absoluta sobre esta matéria. É ou não o Montijo a melhor localização para a instalação do novo aeroporto de Lisboa?
A partir do momento em que este governo tomou a decisão de construir essa infraestrutura no Montijo, logo se levantaram vozes de dois tipos: uma de cariz ambiental; outra de cariz político e/ou local.
Os primeiros, apesar dos remédios que foram impostos, no parecer da Agência Portuguesa do Ambiente, no Estudo de Impacte Ambiental (EIA) relativo ao projeto do Aeroporto do Montijo e Respetivas Acessibilidades, enquanto autoridade de avaliação de impacte ambiental, “considerou estarem reunidas as condições para a emissão de uma Declaração de Impacte Ambiente Favorável Condicionada à adoção da Solução 2 do estudo prévio da Extensão Sul da Pista 01/19 e Solução Alternativa do estudo prévio da Ligação rodoviária à A12, bem como ao cumprimento de um conjunto de condições.” , logo vieram acolitadas pelo partido “Os Verdes", pedir a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), que trave e "indefira liminarmente" a construção do novo aeroporto no Montijo, por, na sua ótica, se tratar de um "crime ambiental”.
Estes, que em anteriores propostas de localização do aeroporto, que foram cinco recorde-se (Ota, Rio Frio, Poceirão, Faias e Alcochete), sempre os seus pareceres foram negativos, embora os tipos de pássaros atingidos fossem diferentes.
Só para que se perceba o absurdo, a proposta de construção do aeroporto na Ota esteve em análise entre a década de 1960 e 2008. O tempo que durou a ditadura em Portugal!
Para os ambientalistas e partidos analógicos não há lugar a consensos. Tudo são extremos. Curiosamente (ou não), tal como na Ota, também o Montijo dispõe e já dispunham de bases aéreas, ou seja, aviões …
Presume-se que "os pássaros (que) não são estúpidos ... é provável que se (tenham) adapta (do) ...".
Os argumentos de cariz político e/ou local, são mais bairristas e “naïfs” ou, como alguém dizia, mais oportunistas. A Camara Municipal da Moita aprovou em Setembro passado um parecer negativo à construção de um novo aeroporto na base aérea do Montijo. A autarquia aponta Alcochete como alternativa.
É curiosa a fundamentação desta autarquia: “O município da Moita fundamenta a sua oposição ao projeto num conjunto de impactes negativos no território, no ambiente, na saúde, na segurança pública e nos valores culturais e patrimoniais existentes”. Isto é um conjunto de lugares comuns para quem, desde sempre, viveu e conviveu com a base aérea situada entre o Montijo e Alcochete, com os impactos positivos e negativos, que certamente se verificam. Os “riscos reais para a saúde pública causados pela elevada exposição da população ao ruído e às concentrações de poluentes no ar, contrariando todas as diretivas da Organização Mundial de Saúde.”, como refere a autarquia, tanto se dão com a instalação do aeroporto no Montijo como em Alcochete, o que implica, se os argumentos fossem sérios, que a edilidade se opunha a construção do novo aeroporto quer numa quer noutra localidade. Adiante, com diria o outro …
Para o presidente da Câmara do Seixal, outro opositor ao Montijo e adepto confesso de Alcochete, "Este (o Montijo) é um projeto sem futuro e que daqui por alguns anos estará esgotado, enquanto numa primeira fase do novo Aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete iria fazer-se mais obra pelo valor que se prevê para a opção Montijo, sem afetar a saúde de milhares de pessoas", afirma o autarca.
Quem não se lembra das palavras do ministro de Sócrates, Mário Lino: “Alcochete “Jámé”.
Também na altura, as organizações ambientalistas (vide, p. ex. Quercus), consideravam que a opção de Alcochete para a construção de um novo aeroporto “ameaça fortemente o ambiente e os valores naturais.”
Em relação à construção do aeroporto no campo de tiro de Alcochete a organização ambientalista lembrava que o campo está sob um sistema subterrâneo de reserva de água, que com um novo aeroporto pode diminuir e mesmo ser contaminado, e diz que para a construção dessa estrutura será necessário “abater um número muito grande de sobreiros”.
Talvez agora se perceba melhor, por que é que a construção de um novo aeroporto para Lisboa, se “eterniza” há mais de 60 (sessenta) anos.
A politica faz-se de escolhas e, sobretudo, de decisões.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
Portugal, põe termo as “Despenadeiras”
Tal como aconteceu há bem pouco tempo as “Parteiras” (isto a
propósito da despenalização do aborto) hoje, a Assembleia da Republica, por
larga maioria, votou favoravelmente a lei da despenalização da eutanásia, assim
pondo fim ao recurso as “despenadeiras” de hoje, ou seja, aqueles
que ajudam a abreviar a agonio e o sofrimento a doentes terminais.
As “despenadeiras de Nisa”, como nos conta Teófilo de Braga, no seu livro
“O povo português: Nos seus
costumes, crenças e tradições", citando Mota e Moura, ilustre cidadão
de Nisa que ocupou o cargo de presidente da Câmara, que entre os séculos XVIII e XIX, havia um grupo de mulheres
(“as despenadeiras”), que terão abreviado a agonia a doentes terminais lá da
terra, acreditando estar a praticar um ato de caridade poupando o moribundo ao
sofrimento.
"Na mentalidade delas, poucos esclarecidas, iam com boa
intenção aliviar o sofrimento das pessoas e depois punham-lhe termo à vida.”
Hoje, 20 de Fevereiro de 2020, com a
aprovação da despenalização e regulamentação da morte medicamente assistida em
Portugal, passou finalmente a considerar-se que as pessoas em pleno uso das
suas faculdades mentais, mas perante um sofrimento profundo ou uma doença
incurável, passam a ter a liberdade de escolha, ou seja, liberdade para decidir
morrer.
Hoje Portugal, põe termo as “Despenadeiras” ...
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
BASTA de “Chega”
Enquanto o Ministério Público, a passo de caracol, prossegue (?) as suas investigações às alegadas 2600 assinaturas irregulares para a criação do partido o Chega, este vai-se “consolidando” no sistema partidário português, ostentando nos seus órgãos sociais militantes que estiveram em partidos de extrema-direita e movimentos neonazis. Aliás, diz-se, que ao partido têm chegado centenas de militantes de extrema-direita, vindos, designadamente, do PNR. Não admira. A Constituição da República Portuguesa proíbe as associações de ideologia fascista. A fim de contornar a lei, o “Chega”, o PNR e outros de expressão difusa, refugiam-se no nacionalismo e conservadorismo de extrema direita, para o exercício confesso, de uma ideologia protofascista, em todos os campos da vida política, social, económica do país usando das bandeiras do racismo, xenofobia e discriminação étnico-racial, na sua prática política, acompanhando, assim, os movimentos neofascista que se propagam um pouco por toda a Europa e pelo resto do mundo. O “Chega” é um abcesso na nossa democracia. Há que eliminar politicamente esta infeção, uma vez que ela é contagiosa e está ao nível de uma pandemia, como já se viu.
A Inglaterra, foi-se!
Hoje, dia 01 de fevereiro de 2020, a União Europeia, perdeu um dos seus membros, a Inglaterra, por vontade unilateral desta. Para além de algumas brechas e rombos financeiros, que estes divórcios sempre acarretam, a perda da Inglaterra, na construção europeia, é mais sentida, não tanto pelo contributo que esta deu durante a sua permanência, mas antes, e sobretudo, pela importância do Reino Unido na história da Europa.
Durante 47 anos de permanência na UE, a Inglaterra sempre foi um mau parceiro e muito pouco solidário na construção europeia. Salvam-se alguns períodos, admito. Mas mesmo nesses, a Inglaterra sempre esteve mais fora do que dentro. O Ministro dos negócios estrangeiros português, dizia ontem que, embora Portugal e a Inglaterra tivessem a mais velha aliança era bizarro ver os dois países nas questões europeias. Portugal, sempre europeista e a Inglaterra sempre euro céptica. Eram como dois irmãos cada um a puxar para seu lado, digo eu. Só que o drama não é este. Este é o menor dos males. O drama é que a despedida britânica do clube europeu traz bastantes preocupações aos emigrantes portugueses no Reino Unido. Há cerca de 300 mil portugueses a viver no Reino Unido, a maioria, certamente, com a sua situação regularizada, mas ainda há quem não se tenha registado. Ora, se até 31 de dezembro de 2020, ainda o podem fazer, a partir de 2021, será o Reino Unido a estabelecer a sua própria política de migrações. Uma das bandeiras dos defensores Brexit era a de que a saída deixa o caminho livre para que o Reino Unido possa alterar a política de portas abertas para cidadãos da UE, que consideram uma política cara e fora do controlo, e bloquear a vinda de imigrantes fora da UE. Há que temer algum preconceito racial. O clima a partir de agora, vai ser outro. Que se cuidem, os que lá estão ...
4Luis Ferreira, Isabel De Almeida e 2 outras pessoas
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