No passado dia 26 deste mês de setembro, realizaram-se as eleições autárquicas em Portugal. O PS ganhou as eleições, com 34,23% dos votos, o PPD/PSD ficou em 2.º lugar com 13,21% dos votos e a coligação PPD/PSD/CDS com 10,81%, em 3.º lugar. No jogo democrático, por um voto se ganha por um voto se perde. Neste caso, não foi preciso este exercício. O PS ganhou largamente as eleições autárquicas de 2021. Contra factos não há argumentos!...
Porém, as características de
alguns portugueses não mudam, e num virar de página, são capazes de transformar
uma vitória (indiscutível) em uma derrota. É o que se tem lido e ouvido nestas
48 horas, pós-eleições. Com que fundamento? O PS perdeu Lisboa, para o PSD,
logo …
Este argumento, que já teve o seu
tempo, é certo, é hoje em dia uma injuria. Portugal já não é mais só Lisboa.
Muito foi feito pelo poder autárquico no pós 25 de abril de 1974, de tal forma
que hoje temos municípios de excelência que são tão relevantes como Lisboa,
apesar desta ser a capital do país. Alguns órgãos de comunicação social, os "opinion
makers" ultraconservadores bem como os partidos da extrema-direita
pró-fascista, reduzem as eleições autárquicas a Lisboa, com isto pretendendo
desvalorizar o que se passou no restante país. A cegueira é tal, que menorizam
as “vitórias” que a sua área política alcançou, para dar enfase à perda da
capital pelo PS. Mas que Portugal não é só Lisboa, mostrou o eleitorado das 147
autarquias conquistadas pelo PS contra as 109 do PSD. Claro que o PS perdeu
Lisboa, mas também perdeu Coimbra ou o Funchal, por exemplo. São autarquias
muito importantes? Sem dúvida. Mas não são o país. Esta estreiteza de “guetos”
é típica dos antidemocratas que usam as eleições para atividade política
neofascista, xenófoba e racista. Hoje, há autarquias, que terão nos seus órgãos
pessoas totalmente antidemocratas e cultoras do ódio e da discriminação, nas formas
de expressão que propagam, incitam, promovem ou justificam o ódio racial, a
xenofobia, a homofobia, o antissemitismo e outras formas de ódio baseadas na
intolerância. Desde 2019, que as centrais internacionais do populismo e do
fascismo, escolheram os seus homens de palha em Portugal, e financiam a
sua existência por forma a propagar as ideias e ações que enfraqueçam ou
eliminem a democracia no ocidente.
Os democratas de abril, têm de
perceber que as concessões a existirem, têm de ser entre eles, e não através de
janelas abertas por onde entrem os antidemocratas e os inimigos do regime.
Sempre que há uma eleição em Portugal, os democratas posicionam-se para as
ganhar sozinhos, muitos deles sabendo bem que isso nunca vai acontecer. Vejamos
o que se passou nestas autárquicas. Tivessem os democratas unidos os seus
esforços e o número de autarquias conquistadas seria bem maior. A ânsia de se
afirmar a identidade sem proveitos para a democracia, é uma atitude parola e de
graves prejuízos para o regime democrático. Os resultados estão, mais uma vez,
à vista. O PS como maior partido da esquerda democrática, deveria ter sinalizada
a vontade de se unir aos restantes partidos da esquerda, para coligações fortes
e ganhadoras. Num passado recente foi assim e com resultados positivos. Para
quê insistir nas maiorias absolutas, quando cada vez mais são precisas soluções
concertadas com as restantes forças democráticas. Cada posição individual das
forças democráticas, nestes tempos mais conflituosos, é uma pedra no caixão da
democracia e uma acendalha para o populismo e o protofascismo, latentes. Vem a
propósito, o exemplo do Presidente Jorge Sampaio, que não hesitou em formar uma
coligação com o PCP para a Câmara de Lisboa. São estes os exemplos e o legado
que a nossa democracia criou e que devem ser seguidos.
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