sábado, 18 de julho de 2020

𝗣𝗮𝗻𝗱𝗲𝗺𝗶𝗮 – 𝗼 𝗿𝗲𝘀𝗳𝗿𝗶𝗮𝗱𝗶𝗻𝗵𝗼 𝗱𝗼 𝗡𝗼𝗿𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗘𝘂𝗿𝗼𝗽𝗮



Quando escrevo este post, prosseguem as negociações no Conselho Europeu com vista à aprovação de um programa de recuperação, denominado “Fundo de Recuperação Europeu”, que tem como objetivo ajudar os Estados-membros a vencer a crise económica e financeira criada pela pandemia do Covid-19.
É claro que a crise de saúde pública que se abateu no mundo, com particular enfase na Europa, que paralisou praticamente a vida das pessoas e das sociedades em todos os sentidos, criando perdas incalculáveis na economia e aumentando drasticamente os níveis de pobreza, fazia supor que a União Europeia, como um todo, iria responder com um autêntico programa de recuperação, ao estilo dos programas pós-2.ª guerra mundial. Falso alarme. E a razão é simples. A União Europeia, enquanto tal, falta-lhe estatuto para os grandes empreendimentos. Isto se deve, em grande parte, à mediocridade dos seus líderes. Realmente são políticos de demissão nacional sofrível e Europeia nula. Só isso explica que perante uma crise sem precedentes, alguns países do norte da europa desvalorizando a pandemia e os seus efeitos dramáticos, quase comparáveis aos de uma guerra mundial, ofereçam entraves aos montantes robustos que são necessários para acudir aos países como, sobretudo, a forma como os mesmos podem ser utilizados, indo ao ponto de sugerirem que os países que mais contribuem pudessem ter o direito de “vigiar” os gastos dos que menos contribuem, desvalorizando e até anulando o papel da Comissão Europeia. Isto é um tic típico dos países do Norte da Europa, já muito divulgado aquando da crise do “subprime” e reativado agora na crise pandémica do Covid-19.
É desolador o espetáculo apresentado por esta gente que, igualmente atingidos pelo Covid-19, desvalorizam a tragédia ao ponto de os seus cidadão estarem a ser usados como cobaias para a chamada imunidade de grupo, assim pouco investindo na recuperação das pessoas não pressionando as estruturas de saúde esperando que a doença faça o seu caminho eliminando os mais fracos e vulneráveis, assim permitindo a criação de reservas financeiras significativas , para a economia de casino.   
Haja que acordo houver, nada terá a ver com os cidadãos europeus no seu todo que, certamente, e mais uma vez, serão o “mexilhão”.
Não temos de voltar a assistir a isto!

domingo, 12 de julho de 2020

𝙀𝙨𝙩𝙖𝙢𝙤𝙨 𝙚𝙢 𝙟𝙪𝙡𝙝𝙤 𝙨𝙚𝙢 𝙚𝙨𝙩𝙖çõ𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙖𝙣𝙤, 𝙙𝙚𝙛𝙞𝙣𝙞𝙙𝙖s!


A pandemia do Covid-19 uniformizou o tempo e o modo. Desde o inico do ano, parece que o tempo parou no “tempo”. Tanto faz que seja inverno, primavera ou agora verão, tudo é igual. Todos sabemos que do frio passamos para o calor, mas não sabemos se este frio ou calor se deve à mudança de estação climatérica ou a um aumento dos fenómenos pandémicos que nos criam calafrios quando muito próximos de nós.
É arrasador este clima psicológico. De um momento para o outro, todos nos tornamos frágeis ante o Covid-19. Não há forma de reagir a esta pandemia. Se nos protegemos somos afetados, se desconfinamos somos afetados. Afinal o vírus não tem preferência. Sejamos ativos ou passivos o vírus apenas precisa que sejamos o elemento de transmissão, quer por ação quer por omissão. Este é o exemplo típico, de que pouco importa o que fazemos ou não fazemos. Chega estarmos vivos e aptos a transmitir. É claro que, como em tudo, se tivermos comportamentos que contrariam a propagação ela é mais difícil. Sem dúvidas. Porém, não é totalmente seguro.
O vírus não tem caráter. Atinge quem se puser a jeito. Mesmo que involuntariamente. Vejam o que se passa nos lares. É cobardia, convenhamos!...
Mas enfim, esta é a realidade com que temos de conviver e não vale a pena reclamar!...
Claro que ninguém, mesmo os mais acérrimos defensores da sua dissolução, discute as fragilidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ante esta pandemia. Muitos lutaram pelo desinvestimento do SNS e até certo ponto conseguiram o seu objetivo e não tiveram até hoje a retribuição devida pelo vírus. Até nisto o vírus é cego.
É muito curioso (talvez não?) que nos inícios e picos da pandemia em Portugal, os hospitais privados fecharam a sua atividade deixando o encargo da pandemia totalmente ao serviço do SNS. Afinal, também na saúde, o objetivo dos privados é o lucro. O Covid-19, pela aparência, não dava lucro. Então é atividade do Estado, como é óbvio …
Hoje, os poderes públicos, muito centrados no drama da pandemia, deixam passar em claro os atentados e agressões que foram desferidos pelos inimigos do serviço nacional de saúde (SNS), que se passeiam diariamente pelos corredores da Assembleia da República ou de outros fóruns da democracia portuguesa.
Todos esperavam um “milagre” do vírus. Claro que milagres só em Fátima e em períodos precisos!
   


terça-feira, 7 de julho de 2020

𝐎 𝐦ê𝐬 𝐞 𝐝𝐢𝐚 𝐟𝐚𝐭í𝐝𝐢𝐜𝐨𝐬!


Este mês de julho e, particularmente, o seu dia 7 (sete), é um mês e dia de má memória para mim. Nos anos 70, em operação militar realizada no norte de Moçambique (Cabo Delgado/Mueda), no referido dia 07 de julho, de 1970, fui projetado por mina anticarro, colocada na picada quando regressava a Mueda. Como seguia no chamado “rebenta minas” (viatura Berliet, que seguia em frente da coluna com sacos de areia, para especial proteção do condutor e de quem ia a seu lado e na retaguarda, na carroçaria, dentro de uma “carcaça” de uma chaimite, um soldado com uma metralhadora pesada Breda), fomos os primeiros alvos. Eu, com lesão grave no fígado e no tórax provocado pelo sopro das minas; o condutor foi projetado para o capim, com alguns cortes e ferimentos ligeiros, apesar de tudo, o homem da Breda, apenas apanhou um valente susto. Resultado, estive hospitalizado mais de três meses e passei aos serviços auxiliares. Saí de Mueda, para Nampula e mais tarde para a então Lourenço Marques. Ainda vim a Lisboa, na condição de doente em regime ambulatório. Esta vinda a Lisboa era obrigatória dado o estado de pânico em que estava a família depois de receber um aerograma “curto e grosso”. Passaram, 50 anos. Hoje é o dia triste deste aniversário.
Mas hoje é também um dia duplamente triste, pela morte da minha MÃE a 07 de julho de 2014. É certo que tinha 99 anos quando faleceu. Mas a verdade é que ninguém lhe dava a idade que tinha. Era realmente uma pessoa com um espírito jovem que sempre fugiu ao estereótipo da “velhinha”. Quem a conheceu nesta idade sabe que estou a falar verdade. E depois foi uma heroína. Criou 6 (seis) filhos de quem se orgulhava muito e tinha “asa” para todos. Verdadeiramente amiga de todos sofreu a bem sofrer para nos dar o que não tinha.
Vejam esta infeliz coincidência. A minha MAÊ veio a falecer no mesmo dia e no mesmo mês do meu acidente, 44 anos depois.
Memórias tristes, sem dúvida!

Os corredores aéreos turísticos dos “vacas loucas”!



Certamente por ignorância minha, não fiquei tão desgastado nem surpreendido como muitos portugueses, incluindo governantes, ficaram sobre a decisão do Reino Unido de não incluir Portugal na lista de 59 países e territórios considerados seguros pelo governo britânico. Abro aqui um parêntese para dizer que tenho consciência que para a indústria do turismo em Portugal a decisão é má, muito má. E consequentemente, em termos económicos é desastrosa. Mas, há sempre um mas, tem vantagens. Desde logo em termos de saúde pública. Repare-se, às 00h00 UTC de 3 de julho de 2020, o Reino Unido é o 4 (Quarto) pais do mundo com mais casos confirmados (283.757) e com mais mortes (43 995). Já Portugal, está em 35 (trigésimo quinto) lugar com 42.454 casos confirmados e tem mais 1.579 mortes.
Já nos Casos e Mortes por milhão de habitantes, Portugal volta a estar numa posição bastante mais favorável que os britânicos.
Na verdade, a Grã-Bretanha, por milhão de habitantes, tem 3.299 casos, enquanto Portugal no mesmo item tem 2.684; e a Grã-Bretanha por milhão de habitantes, tem 479 mortes enquanto Portugal no mesmo item não regista mais de 110 mortes. Fiz este exercício para o Reino Unido, pois foi o último país a impor a quarentena a quem venha de Portugal. Pelos vistos sem razão, vejamos:
Com o exagero próprio de quem quer contar uma história à dimensão de Fernando Botero (artista figurativista colombiano, cujo estilo é chamado por alguns de "Boterismo”), começamos por afirmar que um país infetado em grau tão elevado, como está a Grã-Bretanha, apenas decidir deixar entrar 59 países no seu território, com taxas de infeção e letalidade próximas das suas, só pode ter uma explicação, provocar a imunidade de grupo. Se é isto, fez bem a Grã-Bretanha eu impedir Portugal de participar, neste suicídio. Raios, afinal somos a mais velha aliança do mundo. Para alguma coisa havia de servir….
Façamos este exercício rápido da “lista dos escolhidos”, pelos “bifes”, para entrarem em território inglês (s/quarentena) a partir de 04 de julho de 2020.
Ora, destes 59 países “limpos” para os ingleses temos 9 (nove) países, com número de casos superiores aos de Portugal, nalguns casos quatro ou cinco vezes mais; quanto ao número de mortes, há 24 países “limpos” que registam um número de mortes em alguns casos mais  de 25, 30 e até 50, vezes mais que Portugal; e quanto ao número de curados, Portugal tem, ao dia de hoje,  28.772, enquanto a Grã-Bretanha não divulga este dado e, dos países “limpos”, só 11 têm um numero de recuperados igual ou superior aos de Portugal.
Estes são os dados comparativos com alguns países “limpos” que constam da referida lista. Só por esta pequena comparação, se vê o absurdo da medida de vetar Portugal (à exceção dos Açores e Madeira).
Mas outro absurdo é que da lista dos 59 países “limpos” cerca de 10 (dez), são pequenas ilhas inglesas, sem que se conheçam quaisquer números, relativos à pandemia. Ver o quadro I




Quadro I

EUROPA
CASOS

MORTES

CURADOS
Austria
18.050

705

16 558
Andorra
855

52

800
Belgium
61 727

9 765

17 073
Croatia
2 831

108

2 155
Cyprus
999

19

833
Czech Republic
12 178

351

7 822
Denmark
12 794

606

11 693
Estonia
1 989

69

1 836
Finland
7 241

328

6 700
France
166 378

29 875

29 875
Germany
196 793

9 064

180 903
Gibraltar
178

0

176
Greece
3 432

3 432

1 374
Hungary
4 172

588

2 752
Iceland
1 847

10

1 823
Ireland
25 498

1 740

23 349
Italy
240 961

34 818

191 093
Latvia
1 818

78

1 524
Liechtenstein
83

1

80
Lithuania
1 818

78

1 524
Luxembourg
4 345

110

4 003
Malta
671

9

647
Monaco
102

4

95
The Netherlands
50 335

6113

???
Norway
8896

250

8138
Poland
35146

1492

22209
Açores
0

0

0
Madeira
0

0

0
San Marino
698

42
42
656
Serbia
14 836

281

12464
Slovakia
1 687

28

1466
Slovenia
1 613

111

1376
Spain
250 545

28 385

150376
Switzerland
31 851

1685

29200
Turkey
202 284

5 167

176965
AMÉRICAS
CASOS

MORTES

CURADOS
Antigua & Barbuda
69

3

22
Bahamas
104

11

77
Barbados
97

7

90
Bermuda
146

9

134
Canada
104 936

8644

68526
Cayman Islands
201

1

193
Dominica
33 387

754

17 904
Grenada
23

0

23
Jamaica
702

10

553
Martinique
?

?

?
South Georgia & the South Sandwich Islands
?

?


St Kitts and Nevis
?

?

?
St Lucia
?

?

?
St Pierre and Miquelon
?

?

?
St Vincent and The Grenadines
?

?

?
Trinidad and Tobago
130

8

115
ASIA-PACIFIC
CASOS

MORTES

CURADOS
Australia
7 918

104

7 063
Brunei
141

3

138
French Polynesia
60

0

60
Hong Kong
1 234

7

1 117
Japan
18723

974

16731
Macao
46

0

45
Malaysia
8648

121

8446
New Zealand
1 180

22

1 140
Taiwan
447

7

438
Thailand
3180

58

3066
Singapore
44 310

26

39 011
South Korea
12 967

282

11 759
Vietnam
355

0

335
Wallis and Futuna


?

?
AFRICA
CASOS

MORTES

CURADOS
Reunion
?

?

?
Antarctica
?

?

?
British Antarctic Territory
?

?

?



Quadro II
Jun/Jul

Portugal

GB
20

377

1346
21

292

1295
22

259

1291
23

345

958
24

367

921
25

311

652
26

451

1118
27

323

1380
28

457

890
29

266

901
30

299

814
1

313

689
2

328

829
3

374

0
4

413

519
5175
13603