quinta-feira, 30 de outubro de 2014

“A APANHADORA DE BIVALVES”

Numa lamentável falta de ética democrática e republicana a ministra da justiça chutou as suas responsabilidades no caos da justiça, citius, tribunais, processos, etc., etc., para o mexilhão, nestes caso, ao que parece, para dois mexilhões, por ela recrutados, em 2012, à polícia judiciária. Para esta ministra, que, com a conivência do ministério público, põem a circular a ideia que o caos na justiça foi sabotagem de dois mexilhões, perdão, de dois informáticos da judiciária. É simplesmente vergonhoso.
Como vergonhoso é que a ministra de justiça (ao que se diz) sugira ao ministro da educação que recorra ao Conselho Superior da Magistratura, para que este nomeie um magistrado que avalie dos prejuízos causados aos professores, alunos, pais, pela falta de abertura de aulas em tempo útil, e do caos que se instalou na educação, não tenha a mesma decência de utilizar para si e para o seu ministério, o mesmo principio que venha a responder pelos prejuízos causados aos profissionais do foro, às populações e a todos aqueles que se viram afetados pelo caos que se instalou na justiça por via da teimosia ignorante e autocrática da ministra da justiça.
Neste ponto, aliás, vale a pena chamar à colação o regime jurídico do artigo 500.º do Código Civil (“Responsabilidade do comitente”). É muito interessante verificar que a incompetência e os factos danosos ainda que incondicionalmente praticados pelos ministros, designadamente, o da justiça e da educação, gerem prejuízos sérios aos profissionais e às populações e o que estes “comissários “ fazem é transferir para o Estado (comitente) a responsabilidade de indemnizar. Basta de impunidades.
Estes dois ministros devem responder civil e pessoalmente pelos prejuízos causados. Repete-se, chega de impunidades.
Nem vale a pena chamar a atenção para a responsabilidade política. Essa, com este governo e com esta maioria, não tem qualquer valor ético e deontológico e é por isso, democraticamente nulo, ou “irrevogável”, com se queira!...


terça-feira, 7 de outubro de 2014

"PENSADO E DISCUTIDO"

“Reforma do mapa judiciário é tranquila”
01 de Setembro de 2014 (Lusa)
Paula Teixeira da Cruz


Volvidos mais de 40 (quarenta) dias sobre a propalada reforma da justiça, na vertente da implementação do “novo” mapa judiciária, a verdade é que esta reforma ficará para a história, como o maior flop na reorganização judiciária, pelo menos, de há 200 (duzentos) anos a esta data. E isto, apesar da ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz assegurar que o novo desenho judiciário foi muito "pensado e discutido", “com 23 comarcas e novos modelos de gestão com objetivos, sob "escrutínio público".

A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, garantia que a reorganização judiciária, que entrou em vigor em 01-09-2014, era "…uma reforma tranquila", refutando muitas das críticas que até então tinham sido feitas ao novo mapa judiciário.

Para a ministra da Justiça "há 200 anos que não se fazia uma reforma" na Justiça tão "pensada e discutida" e que "o decreto-lei [que esteve na sua origem] esteve nove meses no parlamento", acrescentando que a nova organização judiciária "foi, talvez, das reformas mais participadas, e que continua a ser monitorizada".

A ministra reiterou que o novo mapa judiciário assegura maior especialização da Justiça para o interior do país e refutou que haja populações que distem "mais de 59 quilómetros do novo tribunal".

"A distância maior face ao que existia é de 59 quilómetros. Foi tudo equacionado em termos de transportes e até medido o tempo para percorrer a distância", acentuou, lembrando que "havia tribunais em que o juiz só ia lá de 15 em 15 dias".

Aludiu ainda ao aumento dos DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal), que passam de seis para 14, com a criação daqueles departamentos em Faro, Leiria, Viseu, Santarém, Braga, Madeira, Açores e Lisboa Norte (com sede em Loures).

A ministra recusou a afirmação de falta de condições dos contentores em que funcionam, a partir de hoje, os tribunais de Loures, Faro e Vila Real.

"Os contentores não são contentores, são módulos, devidamente apetrechados, que até têm celas. Ouvimos hoje os presidentes das comarcas dizerem que estava bem e que até tinham melhores condições agora", disse.

Admitindo que há insuficiência de funcionários judiciais - disse que a portaria para concurso público de recrutamento já está publicada.

Todas estas afirmações foram produzidas pela ministra da Justiça antes e depois da entrada em vigor do diploma legal (01-09-2104) e reiteradas sucessivamente por ela, ainda que o caos se estivesse instalado logo a partir do primeiro dia de Setembro.

A ministra da Justiça, que ao que dizem, não ouve com quem ela fala, foi por diversas vezes alertada para  "as condicionantes subjacentes ao sistema informático Citius", mas a sua teimosia na entrada em vigor do novo mapa judiciário em 01 de setembro, fez com que o sistema Citius, utilizado por advogados, magistrados e funcionários judiciais, bloqueasse no arranque da reforma, obrigando os operadores judiciários a voltar ao antigo sistema de papel. 

Situação que se mantem, até aos dias de hoje.

Foi preciso o coro de protestos de todos os lados, para que a ministra da Justiça, assumisse, pela primeira vez, em 17-09-2014, um pedido de desculpa pelos "transtornos e dificuldades acrescidas" causados pelas anomalias do sistema Citius.

Como se vê, ainda naquela data, quando o caos se encontrava totalmente instalado, com o Citius e os tribunais inoperacionais, os processos amontoados e perdidos nos corredores dos contentores ou dos tribunais, os operadores judiciários incapazes de trabalhar, sob que forma fosse, dizia a ministra da Justiça considerava esta questão como de "transtornos e dificuldades acrescidas".

Hoje (07 de Outubro de 2014), que a situação ainda não está resolvida, longe disse, e que os constrangimentos e condicionantes ao nível do Citius, se mantém também, foi tomada a decisão (em 02-10-2014), que já está sob a forma de lei, que estabelece que os "constrangimentos" na plataforma informática Citius constituem, desde 26 de agosto e até que estejam ultrapassados, um impedimento legal para efeitos de suspensão de prazos processuais.

Entretanto, milhares ou milhões de processos judiciais encontram-se com “paradeiro incerto” e a escassez (ou puro silêncio) de informação é gritantemente assustadora.
Cada um daqueles que têm responsabilidades perante terceiros, vai fazendo o que podem, justificando-se como podem, agravando os seus custos involuntariamente e sofrendo as consequências negativas de atos que não praticaram nem a eles deram causa.

Outros, porém, a começar pela ministra da Justiça, que têm as responsabilidades totais nesta matéria, mais que não seja em termos políticos, não assume a sua responsabilidade e demite-se do cargo que tão mal tratado tem sido.

E porque a ministra não se demite e o chefe do governo não tem a postura de Estado que se exige nestas situações, o que o obrigava a demiti-la, o que está para além da sua visão de Estado (vide que nem o dr. Relvas, ele conseguiu demitir), restava ao Presidente da República (garante do “regular funcionamento das instituições” democráticas), usar dos seus poderes constitucionais junto do chefe do governo, para que este tomasse a decisão que se impunha.

Nada disto foi feito e hoje o povo português passa pela vergonha de ver replicarem-se situações idênticas às da Justiça na Educação e em outros sectores da vida nacional, com enormes desconsiderações e falta de sentido de humanidade para um vastíssimo número de portugueses e suas famílias que se vêm à mercê desta maioria de incompetentes.

Este governo tem de ser demitido, não só por ser incompetente, “mas porque procura, com uma frieza arrepiante, atirar os portugueses do muro abaixo e simultaneamente retirar-lhes toda e qualquer rede de proteção.

Percebe-se, agora, porque é que Passos Coelho queria governar com a tróica. Na verdade, desde que a tróica saiu, ele e os seus ministros, criaram o caos das instituições, para além do empobrecimento generalizado da população.

Hoje é inquestionável que este governo pratica verdadeira violação constitucional do direito à justiça (e também à Educação), direitos estes fundamentais, e por isso, inscritos na Declaração Universal dos Direitos do Homem (vide artigos 7.º, 8.º e 26.º da Declaração).

Tal com aconteceu em outros países, é hoje claro que a responsabilidade deste governo e de alguns dos seus membros, com maior ênfase na Justiça e na Educação, vai muito para além da responsabilidade politica merecendo severa censura de âmbito civil senão mesmo criminal.

Haja coragem para o fazer, já que os tribunais já deram mostras de ser capazes de prosseguir e condenar a classe (alguma!!!) política.





É tudo uma questão de valor, não é?

Henrique Raposo, no Expresso online, de ontem (06-10-2014), diz que “Passos não é Sócrates: é por isso que está ferido.” Curiosamente, ontem também, veio a público que a ONG a que Passos presidiu e de onde somente recebeu “reembolso de despesas”, durante a sua presidência de 3 (três) anos, teve apenas um projeto concretizado: duas ações de formação na área da costura, para 29 formandas na Pedreira dos Húngaros. Por esta actividade intensíssima, não recebia vencimento, mas era reembolsado das despesas à razão de 5.000,00/mês (entre 1997 a 1999).

Ele há cada jornalista!...


A verdade seja dita, há uns que, por escritas da mesma natureza, receberam como prémio um lugar no governo, ainda que lhes tenham fracassado o briefing diário, mas lá continuam …