terça-feira, 7 de julho de 2020

Os corredores aéreos turísticos dos “vacas loucas”!



Certamente por ignorância minha, não fiquei tão desgastado nem surpreendido como muitos portugueses, incluindo governantes, ficaram sobre a decisão do Reino Unido de não incluir Portugal na lista de 59 países e territórios considerados seguros pelo governo britânico. Abro aqui um parêntese para dizer que tenho consciência que para a indústria do turismo em Portugal a decisão é má, muito má. E consequentemente, em termos económicos é desastrosa. Mas, há sempre um mas, tem vantagens. Desde logo em termos de saúde pública. Repare-se, às 00h00 UTC de 3 de julho de 2020, o Reino Unido é o 4 (Quarto) pais do mundo com mais casos confirmados (283.757) e com mais mortes (43 995). Já Portugal, está em 35 (trigésimo quinto) lugar com 42.454 casos confirmados e tem mais 1.579 mortes.
Já nos Casos e Mortes por milhão de habitantes, Portugal volta a estar numa posição bastante mais favorável que os britânicos.
Na verdade, a Grã-Bretanha, por milhão de habitantes, tem 3.299 casos, enquanto Portugal no mesmo item tem 2.684; e a Grã-Bretanha por milhão de habitantes, tem 479 mortes enquanto Portugal no mesmo item não regista mais de 110 mortes. Fiz este exercício para o Reino Unido, pois foi o último país a impor a quarentena a quem venha de Portugal. Pelos vistos sem razão, vejamos:
Com o exagero próprio de quem quer contar uma história à dimensão de Fernando Botero (artista figurativista colombiano, cujo estilo é chamado por alguns de "Boterismo”), começamos por afirmar que um país infetado em grau tão elevado, como está a Grã-Bretanha, apenas decidir deixar entrar 59 países no seu território, com taxas de infeção e letalidade próximas das suas, só pode ter uma explicação, provocar a imunidade de grupo. Se é isto, fez bem a Grã-Bretanha eu impedir Portugal de participar, neste suicídio. Raios, afinal somos a mais velha aliança do mundo. Para alguma coisa havia de servir….
Façamos este exercício rápido da “lista dos escolhidos”, pelos “bifes”, para entrarem em território inglês (s/quarentena) a partir de 04 de julho de 2020.
Ora, destes 59 países “limpos” para os ingleses temos 9 (nove) países, com número de casos superiores aos de Portugal, nalguns casos quatro ou cinco vezes mais; quanto ao número de mortes, há 24 países “limpos” que registam um número de mortes em alguns casos mais  de 25, 30 e até 50, vezes mais que Portugal; e quanto ao número de curados, Portugal tem, ao dia de hoje,  28.772, enquanto a Grã-Bretanha não divulga este dado e, dos países “limpos”, só 11 têm um numero de recuperados igual ou superior aos de Portugal.
Estes são os dados comparativos com alguns países “limpos” que constam da referida lista. Só por esta pequena comparação, se vê o absurdo da medida de vetar Portugal (à exceção dos Açores e Madeira).
Mas outro absurdo é que da lista dos 59 países “limpos” cerca de 10 (dez), são pequenas ilhas inglesas, sem que se conheçam quaisquer números, relativos à pandemia. Ver o quadro I




Quadro I

EUROPA
CASOS

MORTES

CURADOS
Austria
18.050

705

16 558
Andorra
855

52

800
Belgium
61 727

9 765

17 073
Croatia
2 831

108

2 155
Cyprus
999

19

833
Czech Republic
12 178

351

7 822
Denmark
12 794

606

11 693
Estonia
1 989

69

1 836
Finland
7 241

328

6 700
France
166 378

29 875

29 875
Germany
196 793

9 064

180 903
Gibraltar
178

0

176
Greece
3 432

3 432

1 374
Hungary
4 172

588

2 752
Iceland
1 847

10

1 823
Ireland
25 498

1 740

23 349
Italy
240 961

34 818

191 093
Latvia
1 818

78

1 524
Liechtenstein
83

1

80
Lithuania
1 818

78

1 524
Luxembourg
4 345

110

4 003
Malta
671

9

647
Monaco
102

4

95
The Netherlands
50 335

6113

???
Norway
8896

250

8138
Poland
35146

1492

22209
Açores
0

0

0
Madeira
0

0

0
San Marino
698

42
42
656
Serbia
14 836

281

12464
Slovakia
1 687

28

1466
Slovenia
1 613

111

1376
Spain
250 545

28 385

150376
Switzerland
31 851

1685

29200
Turkey
202 284

5 167

176965
AMÉRICAS
CASOS

MORTES

CURADOS
Antigua & Barbuda
69

3

22
Bahamas
104

11

77
Barbados
97

7

90
Bermuda
146

9

134
Canada
104 936

8644

68526
Cayman Islands
201

1

193
Dominica
33 387

754

17 904
Grenada
23

0

23
Jamaica
702

10

553
Martinique
?

?

?
South Georgia & the South Sandwich Islands
?

?


St Kitts and Nevis
?

?

?
St Lucia
?

?

?
St Pierre and Miquelon
?

?

?
St Vincent and The Grenadines
?

?

?
Trinidad and Tobago
130

8

115
ASIA-PACIFIC
CASOS

MORTES

CURADOS
Australia
7 918

104

7 063
Brunei
141

3

138
French Polynesia
60

0

60
Hong Kong
1 234

7

1 117
Japan
18723

974

16731
Macao
46

0

45
Malaysia
8648

121

8446
New Zealand
1 180

22

1 140
Taiwan
447

7

438
Thailand
3180

58

3066
Singapore
44 310

26

39 011
South Korea
12 967

282

11 759
Vietnam
355

0

335
Wallis and Futuna


?

?
AFRICA
CASOS

MORTES

CURADOS
Reunion
?

?

?
Antarctica
?

?

?
British Antarctic Territory
?

?

?



Quadro II
Jun/Jul

Portugal

GB
20

377

1346
21

292

1295
22

259

1291
23

345

958
24

367

921
25

311

652
26

451

1118
27

323

1380
28

457

890
29

266

901
30

299

814
1

313

689
2

328

829
3

374

0
4

413

519
5175
13603


domingo, 28 de junho de 2020

𝐎 𝐫𝐞𝐠𝐫𝐞𝐬𝐬𝐨 à 𝐚𝐠𝐫𝐢𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐢𝐬𝐭ê𝐧𝐜𝐢𝐚!

A pandemia veio para ficar. Todos os países do mundo, sem excepção, estão "infectados". Uns mais que outros. A Europa não está nada bem, as Américas nem falar, a Ásia idem e o Oriente também. Nada nem ninguém escapa nesta pandemia do Covid-19.
Os Estados avançam com programas de emergência às populações mais afectadas, que vão desde o alargamento dos serviços de saúde pública quase em exclusividade para acudir à epidemia até ao auxílio urgente à perda de rendimentos das populações e na maior parte dos casos ao apoio alimentar de sobrevivência a essas mesmas populações.
Tudo isto acontece, pouco mais de três anos após a crise económico financeira do 𝘴𝘶𝘣𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦, que trouxe a Portugal o "𝘢𝘶𝘹𝘪𝘭𝘪𝘰“ de má memória, através da troika, e que durante mais de 5 anos nos obrigou a viver sobre a cartilha da época assente na chamada 𝘱𝘰𝘣𝘳𝘦𝘻𝘢 𝘳𝘦𝘨𝘦𝘯𝘦𝘳𝘢𝘥𝘰𝘳𝘢”.
Foram muitos os ajustamentos que as famílias portuguesas tiveram de fazer nessa época de escassez de dinheiro, onde a opção pela “marmita” mostrou a realidade da nossa sociedade. País com índices de pobreza elevados, sem recursos naturais significativos, muito dependente da indústria do turismo e do exterior e sem dinheiro e sem acesso a ele pelo seu endividamento excessivo. Pensar-se-ia que nesse período, com agora, nos teríamos virado para o aumento da produção interna de bens de primeira necessidade e de alguns serviços. Não é verdade. A importação de bens e serviços na área do agro-alimentar, por exemplo, nestes últimos 10 anos, aumentou de oito mil milhões de euros para mais de onze mil milhões de euros.
Sempre achei que pelo fato de pertencermos à União Europeia não deveríamos permitir que os nossos níveis de produção interna de bens de primeira necessidade ficassem abaixo das nossas necessidades. Estas crises deveriam propiciar as ajudas ao aumento da produção de bens de primeira necessidade, eliminando, tanto quanto possível, a nossa dependência excessiva, do exterior. O recurso excessivo ao exterior para aquisição de bens de primeira necessidade é círculo vicioso, quanto ao aumento do nosso endividamento.
As mais recentes alterações nos hábitos de consumo provocados pela crise do 𝘴𝘶𝘣𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦 pareciam revelar uma aposta maior dos consumidores nos produtos de origem nacional, sobretudo no que respeita às produções locais na área agro-alimentar. Esta alteração estará relacionada certamente com a situação macroeconómica e com os benefícios culturais e ambientais, reconhecidos pelos portugueses nas produções locais.
Porém, tais alterações, deveriam ser mais consistentes, agora com a crise de saúde pública, pois para além de beneficiar as populações que residem em regiões mais afastadas e, por isso, sem grandes oportunidades de emprego, o consumo de produtos locais potencia a economia de pequenas comunidades, proporcionando às populações produtoras melhor qualidade de vida, bem como para a restante população.
Mas decisivo mesmo, é eliminar o fosso da dependência nacional do exterior no que se refere a bens de primeira necessidade.
𝐅𝐚ç𝐚𝐦-𝐬𝐞 “𝐟é𝐫𝐢𝐚𝐬 𝐜á 𝐝𝐞𝐧𝐭𝐫𝐨” 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐮𝐦𝐢𝐧𝐝𝐨 (𝐞𝐬𝐬𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞) 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐮𝐞𝐬𝐞𝐬.