A Pior Altura Para Falar De Direitos E Valores Democráticos
Fomos dos últimos países a
experimentar uma radicalização à direita. A extrema-direita oriunda do PSD, que
virou partido, galgou os degraus do poder, numa subida vertiginosa, pondo em
risco, abertamente, os valores da democracia pluralista, nascida com o 25 de
Abril de 1974. A degradação das instituições democráticas, deu-se a uma
velocidade estonteante. Para isso contribuiu, decisivamente, o atual presidente
da República. Relembrá-lo, embora imperativo, é um ponto doloroso da história
democrática. Bastaram, pouco mais de três anos, para o regime democrático,
começar a sucumbir perante os ataques ferozes dos antidemocráticos, nascidos à
sombra do regime democrático. Catapultados para as áreas do poder, foram
minando os seus alicerces e espalhando a sua cultura antidemocrática, xenófoba,
racista e preconceituosa, rompendo o quadro de valores até então conquistados
pelo povo português. Assim, as mortes, os desalojados, os imigrantes, os
pobres, deixaram de ser uma preocupação constante e passaram a ser um incómodo
para a governação. A saúde, a habitação, a justiça, por exemplo, passaram a ser
tratados como mercadorias de venda a retalho. Não há garantias da sua
existência e muito menos da sua disponibilidade a quem precisa. Essa nem é a
preocupação. A preocupação, a existir, prende-se com a manutenção das redes de
influência que geram as generosas rendas que aumentam o pecúlio pessoal e
familiar dos atuais governantes. Para isso, contam com uma justiça adormecida.
Foi neste caldo, que os radicais
de extrema-direita, se infiltraram nas forças da ordem preparados para desferir
golpes à democracia, pretendendo atentar contra a vida das pessoas incluindo os
titulares dos altos cargos da nação. Este é o caminho que se está a construir e
o confronto a acontecer. Hoje, declaradamente, potencia-se o ‘nós’ e os ‘eles’,
com o aval governamental e dos restantes órgãos de soberania. É impressionante,
a reviravolta em Portugal. Parece estar a acontecer uma espécie de vingança, contra
aqueles que não se conseguem defender.
Acabo, com mais uma decisão do
governo que “liberta” os jovens de disciplinas escolares ´pecaminosas’. É
verdade. Na disciplina de Cidadania vão ser removidos conteúdos relacionados
com sexualidade. Acho que a esta velocidade, depois da nova lei de imigração e
estrangeiros, faltará pouco para a reimplantação de um estatuto equivalente ao ‘Estatuto
do Indigenato’, nele se incluindo, além dos imigrantes pobres, todos os
portugueses pobres e seus descendentes. E, tendo em conta que a discussão sobre
a perda da nacionalidade ainda não terminou, é importante que os imigrantes
portugueses no estrangeiro, seja da primeira ou segunda geração, se «ponham
a pau», não vá o governo e a sua falange aprovar uma lei que os torne apátridas.