Volvidos que estão quase 150 dias
de invasão da Ucrânia pela Rússia, esta continua a senda de terror e destruição
no território ucraniano, com a utilização de um exército que faz roer de inveja
os criadores de jogos de guerra, pela precisão com que, diariamente e sem
descanso, atingem alvos civis. O exército russo e o seu comandante em chefe,
possuidores de um arsenal de guerra, que impressiona, lançam diariamente todo o
tipo de munições sobre o território ucraniano, sem qualquer lógica militar nem
sobre qualquer objetivo militar. Estes são, aparentemente, objetivos a evitar.
O que se vê e ouve é que os russos querem tomar toda a bacia de Donetsk, região
histórica, geográfica e cultural do extremo leste da Ucrânia e a sudoeste da
Rússia. Este é (era?) o objetivo inicial. Mas agora, “os soldadinhos de
chumbo”, dizem que objetivos da Rússia na Ucrânia, vão além de Donbass.
Compreende-se que assim seja. Afinal, dispor de armas para atacar alvos civis e
matar civis inocentes, indiscriminadamente, ainda por cima através de um
exército de milhares de jovens recrutados à peça, em países arruinados ou
subjugados à Rússia, é tarefa que se mostrou demasiadamente fácil e apetecível,
para o governo russo, que conta com a apatia “silencioso” do seu povo. A tudo
isto acresce, a chamada russificação dos territórios ucranianos rapinados, após
a invasão de 24 de fevereiro de 2022. Na verdade, a Rússia está agora a tentar
estabelecer o controlo económico e governamental sobre o território ucraniano rapinado
e ocupado. Esta situação indica que os russos estarão a preparar-se para criar
uma série de “republicas populares” russas, culminando na anexação direta de
parte do território ucraniano rapinado e ocupado. São cinco os indicadores, de
como os russos estão a proceder, para este efeito. Primeiro, através da implementação
da moeda russa: sabe-se que os representantes russos em território ucraniano rapinado
e ocupado, nas autoproclamadas “republicas populares” de Donetsk e Lugansk, têm
usado o rublo desde 2015. Também as forcas de rapina e ocupação russas em
Kherson implementaram um período de transição de quatro meses para mudar a
moeda da cidade para rublos russos. Também o comércio em Melitopol e
Volnovakha, cidades rapinadas e ocupadas pelos russos, estão a fazer a transição
para o rublo russo desde 01 de maio, passado; Segundo, através da substituição
de governos locais: São vários os testemunhos e as autoridades ucranianas confirmam
que, em várias cidades, os órgãos decisores foram substituídos por
representantes russos, incluindo governadores regionais, conseguindo, assim,
obter um maior e efetivo controlo administrativo de áreas recém capturadas e
rapinadas; Terceiro, através da realização de referendos: Com a substituição
das autoridades locais supracitadas, as forças russas estão desde maio a
trabalhar na recolha de dados pessoais de ucranianos em Oblasts (distritos) do
Sul do pais. As forças de rapina ocupantes pretendem falsificar referendos já́
previamente planeados. Para o efeito, o Kremlin está já́ com planos avançados para
a realização de um referendo sobre a independência de uma nova “república popular
de Kherson” e, eventualmente, nos Oblasts de Zaporizhzhia e Odessa; Quarta,
através do controlo das comunicações: Em grande parte dos territórios rapinados
e ocupados, os russos impuseram uma interrupção nos serviços de internet,
cortando grande parte cabos de fibra ótica naquelas áreas, tudo isto com a intenção
clara de limitar a liberdade de informação. Por outro lado as forças de rapina
e de ocupação russos estão a instalar equipamentos “MegaFon” (operadora de telemóveis
e de telecomunicações da Rússia) no Oblast de Kharkiv, procurando aumentar o
controlo sobre redes telefónicas e de internet em áreas que as forças russas de
rapina e ocupação atualmente ocupam ou pretendem ocupar; E, em Quinto lugar, as
forças de rapina e ocupação russa, pretendem romper os laços culturais entre os
territórios rapinados e ocupados pela Rússia e o Estado ucraniano a longo
prazo. Serve de exemplo, a única escola que permaneceu aberta em Mariupol foi proibida
de ensinar a língua ucraniana e só ensina russo desde o final do passado mês
de Abril. Não nos podemos esquecer, do rasto de pilhagem que tem acontecido nos
territórios rapinados e ocupados pelos russos. A ladroagem é assustadora, muito
próxima da que os nazis praticaram em territórios igualmente rapinados e
ocupados.
É esta a realidade da dita
“operação especial” russa sobre a Ucrânia. Cidades, vilas e aldeias, destruídas,
com milhares de mortos, feridos, desaparecidos, refugiados e vidas
despedaçadas. Saque, pilhagem, e destruição dos símbolos nacionais da Ucrânia e
russificação dos territórios rapinados e ocupados. Isto em pleno séc. XXI, na
Europa…!