quarta-feira, 25 de setembro de 2024

 Orçamento do Estado para 2025 - Os rituais de acasalamento

 O saudoso Presidente da República, Jorge Sampaio, disse em 2003, que “há mais vida para além do Orçamento”, querendo sublinhar na altura a importância extrema do desequilíbrio das finanças públicas, situação recorrente de que Portugal não sai. Sabemos hoje, que o falecido Presidente, teve razão antes de tempo. Poucos anos depois, veio a troika e o ‘para além da troika’.

Hoje, assiste-se de novo, aos rituais tradicionais de acasalamento para aprovação do OE para 2025. Tal como nas espécies, há quem esteja numa postura de “louva-a-deus”, ou seja, disposto a arrancar a cabeça de seu parceiro e comê-la. O atual Presidente da República, perante os rituais, dramatiza. Têm de acasalar. “Se não houver Orçamento, há crise política e económica", avisa. Claro, que isto não é verdade. A verdade é anterior. Ao desfazer uma maioria absoluta, o atual Presidente da República, deu origem a uma maioria relativa, de mais um deputado, de um partido ‘nado morto’, o CDS. Mas, canhestramente, fez cumprir o sonho de Sá Carneiro: "uma maioria [que não tem], um governo e um Presidente". Valeu o esforço? É evidente que não. Fica, aliás, por saber se Sá Carneiro aprovaria tão desajeitada solução.

Forçar o acasalamento, não está a dar bom resultado. A impotência do Presidente, está a interferir negativamente nos rituais de acasalamento, tornando-os ineficazes, por ausência de ‘vontade’. Há quem, de resto, não queira participar em tais rituais, com medo de se ver envolvido numa qualquer ‘agregação reprodutiva’. Em resumo: “há mais vida para além do Orçamento”.

 

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

 A morte dos inocentes.

Portugal viveu nos últimos tempos das maiores tragédias que há memória. Quase em simultâneo, o colapso na saúde, na justiça e agora nos incêndios, tornou calamitoso o panorama geral do país de tal forma, que o governo paralisou e o presidente emudeceu. Salvaram-nos os voluntários e a solidariedade ativa da Europa. Hoje é dia de luto nacional, pelas vítimas dos incêndios, nos quais perderam a vida, entre outros, bombeiros voluntários. Não há palavras para tamanha grandeza humana que põe ao serviço dos outros, voluntariamente, a sua própria vida. Olhando para o que nos rodeia, até nos envergonha. A insanidade medíocre daqueles que nos governam, que não debitam um pingo de emoção perante a tragédia nem esboçam um sentimento mínimo de consternação, por falência de valores, tornam estas mortes um desperdício atroz e imerecido perante tamanha ingratidão.

Se nas tempestades o capitão do navio se esconder no porão, deixando passageiros e tripulantes à deriva, apenas terá como companheiros os ratos ou outros da sua espécie. O mesmo aqui se passa.

Só a comunicação social ligada às ignições e os comentadores ligados ao sensacionalismo ‘rentista’ se fizeram ver e ouvir durante este período de tragédia. De onde deveria vir o conforto, segurança, confiança, e esperança no futuro, nem uma palavra, nem uma ação. Quietos e calados.

𝗢 𝗵𝗼𝗺𝗲𝗺 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘃𝗶𝘁𝗮 𝗲 𝘁𝗲𝗺𝗲 𝗮 𝘁𝘂𝗱𝗼, 𝗻ã𝗼 𝗲𝗻𝗳𝗿𝗲𝗻𝘁𝗮 𝗰𝗼𝗶𝘀𝗮 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗺𝗮, 𝘁𝗼𝗿𝗻𝗮-𝘀𝗲 𝘂𝗺 𝗰𝗼𝗯𝗮𝗿𝗱𝗲.” (𝗔𝗿𝗶𝘀𝘁ó𝘁𝗲𝗹𝗲𝘀

terça-feira, 10 de setembro de 2024

 GOVERNAR, É UMA CHATICE!

Este Governo espelha bem o que é governar sem vontade, ambição, sentido de Estado e de legitimidade envergonhada. Os ministros têm dificuldades políticas evidentes para os cargos que ocupam e não primam pelo reconhecimento de outras qualidades que os façam sobressair. Chega a ser confrangedor. Sempre que algo de importante acontece o ministro da área respetiva esconde-se, prima pelo silêncio e aguarda que o presidente Marcelo dê uma ‘mãozinha’. Eles foram convidados para a gestão corrente, atos ordinários, nada muito exigente, mesmo que se trate do governo do país. Só assim se explica, que este governo vá buscar a sua legitimidade a um ‘nado morto’. Tudo muito triste. Um amigo da onça deste governo dizia que em 4 meses não se pode exigir mais do governo, nem passar as culpas do que acontece para eles. Pois é verdade. Mas governar é estar à altura do que acontece no dia a dia de um país e responder com a celeridade necessária a tranquilizar os portugueses, sempre que as situações o exijam. Não é normal, é aliás uma aberração, que quando algo de grave acontece na saúde, justiça, educação, administração interna, etc., etc., os responsáveis pelas respetivas pastas se escondam e não deem a cara, prontamente, pelo sucedido. Esta forma de estar no governo, cria medo e apreensão. Os portugueses precisam de ter segurança e a certeza de quem os governa está presente nas situações mais graves que acontecem. Assaltar um ministério e roubar computadores, sem que a governante da área, mostre qualquer preocupação ou sinta necessidade de descansar os portugueses; fugirem da prisão cinco evadidos perigosos sem que a responsável da área entenda dar uma palavra aos cidadãos; ter uma grávida há porta de um hospital com o feto num saco de plástico durante horas, sem que a governante da área se desassossegue ou ter a Madeira a arder e os governantes nacionais continuarem a banhos, como se nada se passasse, é o cúmulo da irresponsabilidade e o maior abandono politico de que há memoria na historia da democracia de Abril.

Para esta forma de governar, não é preciso orçamento. Em pouco mais de 4 meses, a fórmula governativa encontrada pelo presidente Marcelo, está esgotada. Já nem os jornalistas do acessório, têm vontade de apoiar. O presidente Marcelo tudo fará para manter esta sua ‘AD’, nem que para tanto, seja necessário promover um ‘governo retificativo’. O princípio é sempre o mesmo: “quanto pior melhor”.